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VÃO
Galeria Simões de Assis - Curitiba - Fev21






VÃO

O Vão é uma palavra que dentre os seus conceitos no dicionário pode ser algo
desprovido de fundamento, separatista, inútil e um vazio. Contudo, ao que diz respeito a
arquitetura o termo vão é uma fenda, uma passagem entre paredes que faz com que o ar
e claridade entre. Duas estruturas que sustenta algo, que pode ser remetido como uma
ponte ou um portal. Que de modo simbólico pode se entender como uma travessia, tal
como a alegoria a Caverna de Platão 1, como a saída do indivíduo a luz para compressão
do mundo dito “real”, ao mesmo tempo que novos códigos imagéticos se reconfiguram
e se impregnam de enigmas, ao serem captadas pelo olhar. E que se justapõe, em uma
comparação a “Filosofia da Caixa Preta” 2, como posto também pela a autora Susan
Sontag. Onde a luz se abre do obturador e capta através deste feixe de luz uma
interpretação do mundo 3, tal como opera as lentes de André Nacli.
Um obturador que absorve paisagens e lastros de memórias, em um tempo tácito, em
que há uma “duração interior” 4, com resquícios de uma reminiscência que se prolonga
em um passado, presente 5, ou em um futuro possível, onde há vestígios de um ser que
um dia habitou, mas que hoje apenas resta fragmentos ao meio natural. As fotografias
de Nacli nos coloca também em um momento pós, em um futuro enigmático. Posto por
um presente que insere neste instante de incertezas, e por forças naturais que se
mostram em sua total magnitude, principalmente com relação ao homem. Em uma
objetiva em que ressoa resquícios estéticos do sublime, ao captar um natural e suas
complexidades que adentram antigas habitações em uma simbiose, que transcende o
conceito do belo, e se opõe ao racionalismo. Justamente por suas imagens indagar nosso
olhar sobre um vazio ontológico, tal como em o viajante sobre o mar de névoa 6 , e sua
insignificante pequenez do ser humano frente à imensidão da natureza e suas forças 7.
Assim, a exposição Vão, na Simões de Assis adentra no obturador interrogativo de
André Nacli, por uma luz que aciona em nosso olhar o tempo, espaço e um ser, mesmo
que este, o ser, não seja representado, mas está enquanto essência. Em uma lente que se
justapõe conceitualmente entre a pintura e fotografia historicamente entrelaçados na arte
e na estética. E nos projetam entre tempos, em jogos alegóricos que caminha em
silencio e reinterpreta o mundo. E cria diversos vãos em suas recodificações imagéticas
e dentre o conceito do vazio.

Ana Paula Lopes
2020





ANDRÉ NACLI
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GALERIA SIMÕES DE ASSIS
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