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TEMPO MATÉRIA
Palacete dos Leôes - BRDE - Bienal de Curitiba - Set17




TEMPO MATÉRIA

A rock formation is a sculptural event formed by successive geological processes, which over a long span of time confer it concreteness, texture, shape and color. By a whim of the creative power that generated this material, the rock is sitting over a portion of water and sand. The water, affected by the emission of the sun’s rays, waits for a moment when the wind subsides in order to become a mirrored surface that duplicates the image of the rock, as though drawing its underground part that we cannot see in the landscape. The sand is the rock’s future and past. Time, rock, sun, water, wind, sand, and the underground realm are, therefore, in a constant process of contact and change. Nature is skilled at projecting an inert appearance to illude our vain perception of the state of things.

Tempo Matéria [Material Time] consists of never-before-shown works that unfold André Nacli’s poetic investigation, already present in his previous shows – Pós-Poste [Post-Pole] and Simbiose Sim [Symbiosis Yes] – in relation to the gaps that exist between nature and culture. This time, however, the vestiges left by human activity arise in a more subtle way, insofar as the artist’s lenses have begun to more intensely perceive the silent clashing between materials that sculpt themselves with the passage of time. Now it is no longer the utilitarian and functional time of man, but rather the immemorial time of the enigmas which refer to the creation of the planet.

The sculptural events produced by the action of the wind, the water, and the cycles that rule the pulse of all organic matter are overlaid and made to yield to the rational action that we impose on the landscapes. The artist’s playful research thus emphasizes the transformative point of contact of the elements of nature perceived through a contemplative and silent point of view. The mysteries of creation and the constant re-creation of the cosmos gain powerful symbols gathered by Nacli on the crest of a wave, in a fog, in the silhouette of a flock of birds against the blue sky: magnificent events that the harried contemporary gaze tends to no longer perceive in the landscape, but which the attentive artist makes present in unique images that reconnect us with what is really essential, magical and transcendent.

His research begins with the contemplative observation of the world and invokes instants at which the artist is dissolved in the elements that circumscribe the features of the universe. These photographs arise as illuminations of a meditative state. Between slow inhalations and exhalations we can finally glimpse symbols that capture the projection of our inner self in nature, and vice versa. Images as subtle as they are abyssal. The whole contained in the tiniest detail.


Uma formação rochosa é um evento escultórico composto por sucessivos processos geológicos que ao longo do tempo lhe conferiram concretude, textura, forma e cor. Por um capricho da força criadora que gerou essa matéria, a rocha se assenta sobre uma porção de água e areia. A água, afetada pela emissão dos raios solares, aguarda um momento de descanso do vento para tornar-se uma superfície espelhada a duplicar a imagem da rocha, como se desenhasse sua porção subterrânea que não nos é dado ver na paisagem. A areia é o futuro e o pretérito da rocha. O tempo, a rocha, o sol, a água, o vento, a areia e o subterrâneo estão, portanto, em constante processo de contato e mutação. A aparência inerte é o dom da natureza de iludir a nossa vã percepção do estado das coisas.

Tempo Matéria é composta por obras inéditas que desdobram a investigação poética de André Nacli, já presente em suas duas mostras anteriores – Pós-Poste e Simbiose Sim –, acerca dos desvãos existentes entre natureza e cultura. Dessa feita, no entanto, os vestígios deixados pela ação do homem surgem de forma mais sutil, à medida que as lentes do artista passam a perceber mais intensamente o silencioso embate entre matérias que se autoesculpem no decorrer do tempo. Agora não mais o tempo utilitário e funcional do homem, mas sim, o tempo imemorial dos enigmas que remetem à criação do planeta.

Os eventos escultóricos produzidos pela ação do vento, da água e dos ciclos que regem a pulsão de toda matéria orgânica se sobrepõem e fazem sucumbir a ação racional que impomos às paisagens. Dessa forma, a pesquisa lúdica do artista enfatiza o ponto de contato transformador dos elementos da natureza percebidos a partir de uma visada contemplativa e silenciosa. Os mistérios da criação e da constante recriação do cosmos ganham símbolos potentes colhidos por Nacli na crista de uma onda, numa nebulosa, no desenho que uma revoada de pássaros faz contra o céu azul. Eventos magníficos que o fustigado olhar contemporâneo tende a não perceber mais na paisagem, mas que o artista atento presentifica em imagens singulares que nos reconectam com o que de fato é essencial, mágico, transcendente.

Pesquisa que se principia na observação contemplativa do mundo e invoca instantes de diluição do artista nos elementos que circunscrevem as feições do universo. Essas fotografias surgem como alumbramentos de um estado meditativo. Entre respirar e expirar pausadamente podemos, finalmente, entrever símbolos que flagram a projeção do nosso eu interior na natureza e vice-versa. Imagens tão sutis quanto abissais. O todo contido no mínimo.

Eder Chiodetto



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